Durante o inverno, os zoológicos alemães abrigam os seus animais em locais apropriados por causa do rigoroso frio trazido pela estação.
No início do inverno de 2006, ocorreu algo especial: um cisne negro do Zoológico de Muenster se apaixonou por um pedalinho em forma de cisne.
A ave não se separa da embarcação. Tal qual na história do patinho feio, que confundiu um pato de madeira com sua a mãe, o cisne negro persegue o pedalinho por aonde vai, imaginando ser ele uma fêmea da cor branca. Onde quer que esteja o barco, lá está o dedicado namorado fazendo par.
Faça sol ou faça sombra, o imponente cisne acompanha a sua “amada” por toda parte, sempre velando por ela.
Tanta devoção facilitou o trabalho da sua cuidadora e do diretor do zoológico que, guiando o objeto do seu desejo, atraíram o cisne apaixonado para o seu refúgio de inverno, enquanto passeavam no pedalinho pelo lago.
Não existe amor sem respeito, companheirismo, apoio e atenção.
Embora as necessidades da alma de cada pessoa sejam insondáveis e somente Deus conheça o coração do outro por inteiro, o ato de se dedicar a alguém encerra uma beleza inegável.
Os sentimentos alheios não são um brinquedo. Ninguém deve declarar compromissos afetivos que não queira ou não possa assumir. Nesta matéria, cada um costuma receber de volta aquilo que dá ao outro. Por isso, é fundamental respeitar as sutilezas do coração ao qual nos vinculamos.
É fácil condenar os outros em seus enganos afetivos. Seria melhor calar e tomá-los como lições para que nós próprios não venhamos a cair do mesmo modo. Neste tema, cada um tem as suas próprias quedas e decepções, podendo perceber, sem muito esforço, que não vale a pena julgar os outros.
Como podemos exigir a perfeição que estamos longe de possuir?
Quem despedaça corações realiza o oposto do amor, que trás integridade.
O amor não é um sentimento sem critérios. Não é uma obsessão. É paz. Não desperta sentimentos destrutivos nem perturba. Trás equilíbrio. Desperta, dentro de cada um, o que existe de melhor, de mais saudável e verdadeiro. Está identificado com a bondade, com a generosidade, com a compreensão.
O amor pode ser como um sol, que por dentro explode em atividade nuclear, para que o seu brilho seja possível. Sem luz, não há amor.
Somos tesouros no coração de Deus, que nos deu a faculdade de amar e também de guardar os outros dentro do nosso peito, sem, todavia tirar a sua liberdade. O amor libera em vez de encarcerar. Quanto mais livres nos sentimos, mais atraídos somos para quem nos ajudou a ser livres. Até mesmo para voar na companhia do outro, as asas devem estar soltas.
Tolice perguntar: e se o bumerangue não retornar? Ora, é porque era um bumerangue que não servia. Como confiar num bumerangue assim? Melhor que se vá, que siga o seu próprio caminho.
O Corcunda de Notre Dame amava a cigana Esmeralda. Seu coração simples, generoso e valente pulsava por ela, que não podia enxergar a beleza da alma do seu protetor, oculta sob um aspecto disforme.
A pequena sereia salvou a vida do príncipe, a quem igualmente dedicou o seu afeto. Penhorou a sua linda voz, o mais precioso bem que possuía, para poder ir ao encontro do amado. Mas ele não a reconheceu. Por fim, ofereceu a própria vida para salvá-lo de um outro naufrágio. Com esse gesto, foi elevada à região das almas nobres, aquelas capazes de amar com pureza e renúncia.
Não é o quanto amamos, mas sim a maneira que amamos que dá valor ao que sentimos.
O amor é um caminho para Deus. Aquilo que nos distancia do bem não é amor.
Quando amamos de verdade alguém, esse amor se revela em gentileza e bondade. Percebemos a beleza e o amor que existem à nossa volta, porque nos tornamos melhores e mais sensíveis. O amor é o oposto do egoísmo. Passamos a ver as pessoas como verdadeiramente são e a ouvi-las com mais interesse e paciência. Percebemos as pessoas como semelhantes a nós, nem melhores nem piores.
O amor nos modifica. Com ele, sabemos nos colocar mais facilmente no lugar do outro e compreender as suas necessidades.
O apóstolo Paulo nos lembra bem que todos os sacrifícios do mundo não são válidos sem amor. Por outro lado, tudo o que fazemos com amor, o menor gesto, torna o mundo melhor. Ainda que não sejamos compreendidos, não importa. O fundamental é amar.
O amor puro confere dignidade e nobreza a quem ama. Foi assim com o Corcunda da Catedral de Notre Dame, com a Pequena Sereia e com o cisne negro de Muenster. Porque o amor já vale por si.
* Texto atribuído a Emerson Aguiar - escritor e filósofo
emerson@etical.org.br
No início do inverno de 2006, ocorreu algo especial: um cisne negro do Zoológico de Muenster se apaixonou por um pedalinho em forma de cisne.
A ave não se separa da embarcação. Tal qual na história do patinho feio, que confundiu um pato de madeira com sua a mãe, o cisne negro persegue o pedalinho por aonde vai, imaginando ser ele uma fêmea da cor branca. Onde quer que esteja o barco, lá está o dedicado namorado fazendo par.
Faça sol ou faça sombra, o imponente cisne acompanha a sua “amada” por toda parte, sempre velando por ela.
Tanta devoção facilitou o trabalho da sua cuidadora e do diretor do zoológico que, guiando o objeto do seu desejo, atraíram o cisne apaixonado para o seu refúgio de inverno, enquanto passeavam no pedalinho pelo lago.
Não existe amor sem respeito, companheirismo, apoio e atenção.
Embora as necessidades da alma de cada pessoa sejam insondáveis e somente Deus conheça o coração do outro por inteiro, o ato de se dedicar a alguém encerra uma beleza inegável.
Os sentimentos alheios não são um brinquedo. Ninguém deve declarar compromissos afetivos que não queira ou não possa assumir. Nesta matéria, cada um costuma receber de volta aquilo que dá ao outro. Por isso, é fundamental respeitar as sutilezas do coração ao qual nos vinculamos.
É fácil condenar os outros em seus enganos afetivos. Seria melhor calar e tomá-los como lições para que nós próprios não venhamos a cair do mesmo modo. Neste tema, cada um tem as suas próprias quedas e decepções, podendo perceber, sem muito esforço, que não vale a pena julgar os outros.
Como podemos exigir a perfeição que estamos longe de possuir?
Quem despedaça corações realiza o oposto do amor, que trás integridade.
O amor não é um sentimento sem critérios. Não é uma obsessão. É paz. Não desperta sentimentos destrutivos nem perturba. Trás equilíbrio. Desperta, dentro de cada um, o que existe de melhor, de mais saudável e verdadeiro. Está identificado com a bondade, com a generosidade, com a compreensão.
O amor pode ser como um sol, que por dentro explode em atividade nuclear, para que o seu brilho seja possível. Sem luz, não há amor.
Somos tesouros no coração de Deus, que nos deu a faculdade de amar e também de guardar os outros dentro do nosso peito, sem, todavia tirar a sua liberdade. O amor libera em vez de encarcerar. Quanto mais livres nos sentimos, mais atraídos somos para quem nos ajudou a ser livres. Até mesmo para voar na companhia do outro, as asas devem estar soltas.
Tolice perguntar: e se o bumerangue não retornar? Ora, é porque era um bumerangue que não servia. Como confiar num bumerangue assim? Melhor que se vá, que siga o seu próprio caminho.
O Corcunda de Notre Dame amava a cigana Esmeralda. Seu coração simples, generoso e valente pulsava por ela, que não podia enxergar a beleza da alma do seu protetor, oculta sob um aspecto disforme.
A pequena sereia salvou a vida do príncipe, a quem igualmente dedicou o seu afeto. Penhorou a sua linda voz, o mais precioso bem que possuía, para poder ir ao encontro do amado. Mas ele não a reconheceu. Por fim, ofereceu a própria vida para salvá-lo de um outro naufrágio. Com esse gesto, foi elevada à região das almas nobres, aquelas capazes de amar com pureza e renúncia.
Não é o quanto amamos, mas sim a maneira que amamos que dá valor ao que sentimos.
O amor é um caminho para Deus. Aquilo que nos distancia do bem não é amor.
Quando amamos de verdade alguém, esse amor se revela em gentileza e bondade. Percebemos a beleza e o amor que existem à nossa volta, porque nos tornamos melhores e mais sensíveis. O amor é o oposto do egoísmo. Passamos a ver as pessoas como verdadeiramente são e a ouvi-las com mais interesse e paciência. Percebemos as pessoas como semelhantes a nós, nem melhores nem piores.
O amor nos modifica. Com ele, sabemos nos colocar mais facilmente no lugar do outro e compreender as suas necessidades.
O apóstolo Paulo nos lembra bem que todos os sacrifícios do mundo não são válidos sem amor. Por outro lado, tudo o que fazemos com amor, o menor gesto, torna o mundo melhor. Ainda que não sejamos compreendidos, não importa. O fundamental é amar.
O amor puro confere dignidade e nobreza a quem ama. Foi assim com o Corcunda da Catedral de Notre Dame, com a Pequena Sereia e com o cisne negro de Muenster. Porque o amor já vale por si.
* Texto atribuído a Emerson Aguiar - escritor e filósofo
emerson@etical.org.br
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