Olha que pesquisei e pesquisei e pesquisei e nada encontrei sobre a data, pelo menos o ano, em que Rachel de Queiroz escreveu este poema. Acho-o fascinante! De uma simplicidade, beleza e profundidade que somente uma pessoa com tão rico dom do escrever liricamente sobre o cotidiano das pessoas simples poderia produzi-lo. Aqui está...compartilho com vocês:
TELHA DE VIDRO
Rachel de Queiroz
Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha.
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô..
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...
A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...
Agora, o quarto escuro onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz do dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia no espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha! Era tão feia!
-Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta, fria, sem um luar, sem um clarão...
Por que você não experimenta?
A moça foi bem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!
3 comentários:
Olá Irene!
Fascinante com certeza! Ótima escolha para postagem. Vou copiar.
abçs do Brasil
Adriana
Boa noite Irene!
Passei para lhe desejar um ótimo fim de semana.
abçs
Adriana
Obrigada Adriana!
Grande abraço e meus desejos de um excelente domingo para você!
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